Eu me perdi da alegria incessante que produz um grito
inexistente na garganta de tanta gente que não quis me ouvir...
Eu me perdi da caneta e do lápis, do amor aos planos,
daquele velho quadro e do giz, eu me perdi porque o meu tempo não me permitiu
ser um aprendiz.
Eu me perdi num sopro leve e na desvantagem fiquei para
trás, eu me perdi dos contos literários e dos cálculos, eu me perdi de tanto
conhecimento que era pra ser meu, e hoje faço parte de uma classe que a sociedade mais parece que esqueceu,
e hoje tem gente querendo me encontrar em cotas ou em bolsas sociais, limitando
minhas capacidades por meio de pontes desiguais.
Eu me perdi dos sonhos, das ilusões e daquela segurança que
era pra ser minha... Eu me perdi de ser mais crítico, de ser aquele que mais
questionava, agora estou a viver uma vida que eu mesmo não esperava. E toda essa
perdição fala de uma prática aliada à teoria o que para mim cada vez mais esta
virando uma utopia.
Eu podia ter sido astronauta, médico ou até aviador, mas sem
menosprezar a profissão meu currículo e minhas condições só me levam
a ser professor.
Eu me perdi de rir mais, de criticar mais, de sonhar mais, e
tudo porque a sociedade nos deixa tão limitados, dentro de um mundo onde o povo
já está condicionado a ser o eterno trabalhador, onde a pobreza intelectual é
tão grande quanto a material, em uma disputa onde não há vencedor.
(Alessandra Almeida)
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