sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma dívida histórica


Eu me perdi da alegria incessante que produz um grito inexistente na garganta de tanta gente que não quis me ouvir...
Eu me perdi da caneta e do lápis, do amor aos planos, daquele velho quadro e do giz, eu me perdi porque o meu tempo não me permitiu ser um aprendiz.
Eu me perdi num sopro leve e na desvantagem fiquei para trás, eu me perdi dos contos literários e dos cálculos, eu me perdi de tanto conhecimento que era pra ser meu, e hoje faço parte de uma classe que a sociedade mais parece que esqueceu, e hoje tem gente querendo me encontrar em cotas ou em bolsas sociais, limitando minhas capacidades por meio de pontes desiguais.
Eu me perdi dos sonhos, das ilusões e daquela segurança que era pra ser minha... Eu me perdi de ser mais crítico, de ser aquele que mais questionava, agora estou a viver uma vida que eu mesmo não esperava. E toda essa perdição fala de uma prática aliada à teoria o que para mim cada vez mais esta virando uma utopia.
Eu podia ter sido astronauta, médico ou até aviador, mas sem menosprezar a profissão meu currículo e minhas condições só me levam a ser professor.
Eu me perdi de rir mais, de criticar mais, de sonhar mais, e tudo porque a sociedade nos deixa tão limitados, dentro de um mundo onde o povo já está condicionado a ser o eterno trabalhador, onde a pobreza intelectual é tão grande quanto a material, em uma disputa onde não há vencedor.


(Alessandra Almeida)

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