Agora as
feridas de um vento penetrante cortam a minha pele e sinto novamente vontade de
brincar com esse frio, que atravessa minha face e leva pra outro lugar;
E novamente
olho para além desse abismo e te vejo do outro lado e isso me parece ser tão perto,
embora não seja;
E às vezes
ser muito consequente não me convém, embora eu sempre queira ser;
E às vezes
eu vivo contigo as palavras de um livro novo do qual eu nunca li;
E às vezes
acordo não querendo sentir tua falta mais aí já é tarde, lá vem o vento de
novo, trazendo as lembranças que você me causou de forma tão gentil;
E quando me vejo estou fugindo desta brasa
ardente presa aos meus pés, desta corda bamba, desta euforia perigosa, deste abismo
entre nós; E quando me dou conta é pesado demais para que eu possa leva-lo e
quando percebo tenho cuidar, caso contrário, também irei cair.
E finalmente
quando tudo parece calmo e silencioso surge à lembrança de alguma coisa que
teus olhos me disseram timidamente e meio sem querer...
E quando percebo já é tarde demais e a culpa
já me toma dentro das tuas lembranças.
(Alessandra
Almeida)